Evento será realizado nos dias 16 e 19 de novembro, com seminários e apresentações sobre as diferentes possibilidades de uso do biocombustível na indústria e sociedade

Nas Semanas de Inovação Suécia-Brasil 2020, a Embaixada da Suécia no Brasil, em parceria com a Associação Sueca de Resíduos (Avfall Sverige) e a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), realizará o webinar Cidades Verdes do Brasil. O evento ocorrerá em duas sessões, nos dias 16 e 19 de novembro, com o intuito de mostrar experiências, boas práticas, legislação, desafios e inovações na cadeia de produção do biogás tanto na Suécia quanto no Brasil, no webinar sobre biogás.

Além da Avfall Sverige e Sanepar, o evento terá a presença das universidades de Linköping, na Suécia, e do Paraná, no Brasil, além de pesquisadores do Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), CTRPetrolina e da empresa sueca de caminhões Scania. A ideia é trazer todas as possibilidades de uso do biogás em diferentes áreas da indústria e da sociedade.

Biogás

O biogás é um biocombustível produzido a partir da decomposição de matéria orgânica (de origem vegetal ou animal). Após a decomposição, é produzida uma mistura de gases, a maior parte composta por metano.

O biogás pode gerar energia elétrica, térmica ou biometano, considerado combustível verde. Qualquer resíduo orgânico tem potencial para gerar biogás, o que permite que o combustível seja uma grande fonte de energia renovável inesgotável, sendo utilizado como solução de gestão de resíduos em áreas rurais e urbanas. Com o avanço das tecnologias e melhores aplicações no dia a dia das cidades, o biocombustível passou a ser importante elemento para gerar desenvolvimento social, ambiental e econômico para os países.

Biogás na Suécia

Na Suécia, o biogás e o biometano são usados como combustível em ônibus, caminhões e boa parte dos carros particulares. Isso se deve a uma cultura de total aproveitamento da matéria orgânica e índices de reciclagem que superam 99%.

O país virou modelo na transformação de lixo em energia. Na cidade de Linköping, Sul da Suécia, 100% dos táxis, ônibus e alguns trens já são movidos a biogás. O resultado se dá ao sistema de coleta de lixo. A divisão do lixo no país é separada em lixo orgânico e lixo inflamável, o que pode ser transformado em combustível. Apenas 1% de todo lixo feito pela cidade vai direto para o aterro sanitário.

Biogás no Brasil

A utilização do biogás no Brasil se iniciou com a crise do petróleo, em 1979. Desde então, o governo federal e empresas privadas passaram a dar mais atenção ao biogás, o que ajudou a promover o desenvolvimento do biocombustível na América do Sul.

O Brasil tem grande potencial para produção de biogás. Pode ser produzido a partir de resíduos orgânicos da agricultura e instalações de saneamento básico. A estimativa é que o Brasil tenha condições de se tornar o maior produtor de biogás do planeta. Essa alta capacidade de produção é resultado da grande quantidade de resíduos orgânicos disponíveis no país.

Segundo dados coletados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), as principais fontes de produção de biogás no país são os aterros sanitários, com 51%, a indústria de alimentos e bebidas, com 25%, a suinocultura, com 14%, e lodo de esgoto, com 6%. Em menor quantidade, também são utilizados dejetos da pecuária bovina e avícola.

Brasil e Suécia

Em uma das parcerias entre Suécia-Brasil, foi apresentado em Franca, interior de São Paulo, o primeiro ônibus do Brasil abastecido a gás gerado a partir do esgoto. O carro foi desenvolvido pela empresa sueca Scania, especializada em produzir motores a diesel.

O ônibus do teste é para a zona urbana, com capacidade para até 130 passageiros. Os veículos com motores a gás podem ser abastecidos com biometano (possivelmente de esgoto ou outros materiais) e CNG (gás natural). Ainda é possível fornecer uma mistura de ambos ao mesmo tempo.

Em fevereiro de 2020, o governo de São Paulo, juntamente com representantes do governo da Suécia e do Swedfund, assinou uma carta de intenções para pesquisas de biogás com investimento de R$ 3 milhões. O objetivo é subsidiar pesquisas sobre a produção sustentável ou produção de biogás e biometano, com ênfase no transporte urbano por meio da agricultura (grãos de destilaria de cana), aterros sanitários ou estações de tratamento de esgoto. Dessa forma, o combustível produzido será utilizado no transporte público, reduzindo a emissão de poluentes.